sábado, 14 de novembro de 2009

MEU AMIGO JOAO


JOAO – MEU AMIGO PESCADOR

Uma das coisas mais importantes da pescaria, alem dos peixes é conhecermos as pessoas.
Particularmente, com a freqüência no Capivari, ao longo de todos estes anos, conheci e conheço muita gente, porem uma “amizade” mais comprometida só fazemos com poucos, especialmente com aqueles em que existe um respeito mútuo, ás idéias e preferências pessoais.
Assim, conheci meu amigo João.
Ele era do tipo “fechado”, com cara de poucas amizades, mais na verdade, era só aparência, pois nos nossos contatos, fomos descobrindo outras afinidades.
Pelo menos á cada quinzena do mês combinávamos por telefone nos encontrar no pesqueiro do araçazeiro do BARCAÇA, quando eu chegava lá, nos finais de semana, ele já estava pescando pelo menos dois dias e noite
Ele sempre se prontificava de levar as iscas e cevas, mais eu o achava um pouco exagerado na quantidade e tipos de ceva que levava, dois latões cheio de milho verde picado, maços e maços de capim papua e picuia, vários pacotes de 5kg de ração de coelho, pelo menos 1 saco de 30kg de farelo de trigo, vários quilos de quirera e mais as iscas, lata entupida de minhoca comum, pote com milhares de bicho da laranja e no mínimo 100 espigas de milho verde em espigas.
Ele na chegada ao pesqueiro demorava a manhã inteira preparando o local, cavando o barranco, depois esticava uma lona, cobrindo o guarda-sol, aqueles de tamanho grande, ocupando uma área de mais de 15m2, alem de forrar com plástico ou papelão uma parte da mesma para depositar todos seus pertences: material de pesca e apetrechos, caixas de isopor, uma com comida, outra com refrigerantes e água potável, além do necessário para cozinhar, louças em geral, talheres, fogareiro, no mínimo dois bujões de gás (liquinho), um para fazer a comida, outro para pescar, de forma que ao terminar tudo, estava esgotado.
Numa destas ocasiões, só pude ir numa quinta feira e ele estava pescando desde o domingo anterior e pegou poucas tilapias.
Eu resolvi pescar tilapia com erva doce e capim, armei minhas varas e depois de uma meia hora, uma das linhas correu, dei a fisgada e percebi que era um peixe diferente. Briga daqui e de lá, o peixe corria de um lado para o outro e o João veio me ajudar, pois pelo movimento que fazia, ele podia enroscar nas linhas e perder o peixe. Ele as foi retirando, porem tinha uma armada com erva doce bem próximo a margem, então meu companheiro ao tentar retirá-la percebeu que havia outro peixe.Tratava-se de uma enorme tilápia , que ele só conseguiu tirar com o passaguá.
Ele pôs a tilapia no meu samburá, enquanto eu continuava a briga na outra vara, aos poucos cedeu era uma carpa capim de aproximadamente uns 8 kg, que quase não coube no samburá.
Depois ele falou, ETA cara rabudo, tô aqui 5 dias e noites e você chega agora e já fez a pescada, vá ter sorte no inferno.
A bem da verdade, foram os únicos e como recompensa, o João voltou ao seu pesqueiro e começou a pegar belas tilapias no capim, uma atrás da outra e eu só fiquei assistindo.
Então fui eu quem disse:
ETA cara rabudo vá ter sorte no inferno.

Marcão.

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